- Ano: 2018
Descrição enviada pela equipe de projeto. Hoje em dia, Pachacámac é um dos sítios arqueológicos mais visitados do Peru. O santuário é administrado pelo Ministério da Cultura, através do Museu de Pachacámac, uma instituição que administra o local como uma experiência educativa e cultural para os visitantes e como um sítio arqueológico em curso. Em 2015 finalizou-se um novo complexo de edifícios do escritório Llosa Cortegana Arquitectos para receber o museu e seu trabalho arqueológico corrente.
Dois terços do norte do sítio ainda não foram escavados, são terrenos abertos à espera de futuros estudos. No entanto, a área monumental do santuário é um importante sítio arqueológico com escavações ativas e descobrimentos de artefatos e ruínas arquitetônicas em curso. Com a construção do Museu Nacional de Arqueologia (MUNA) sendo desenvolvida no terreno adjacente, o governo pretende restaurar esse território e retomar sua antiga grandeza ao transformá-lo em uma nova centralidade, incrustada dentro do tecido urbano de Lima.
Apesar disso, atualmente Pachacámac se percebe como um vazio, um pedaço de deserto aberto, habitado por ruínas, preso entre o crescimento desconcertante da capital e a foz do rio Lurin, o último vale agrícola restante na região. Suas margens estão constantemente sob ameaça de invasão por assentamentos informais e ocupações de terras, tendo a última ocorrido há apenas 8 anos.
Descrição da estrutura
A sala para arqueólogos e crianças é uma estrutura de madeira de 37 por 16,3 metros e 3,6 metros de altura, que forma uma galeria coberta ao redor de um pátio central. A estrutura é formada por 28 módulos quadrados de 10 m2, definidos por um pilar em cada esquina e com uma cobertura de treliça na parte superior. Os cinco módulos em cada extremo menor são fechados por painéis de bambu dispostos verticalmente, com um piso de concreto para proporcionar uma superfície robusta. Estes módulos contém estantes de madeira que oferecem espaço para o armazenamento e exibição de descobertas arqueológicas, assim como mesas de madeira que podem ser levadas para fora quando necessário.
As portas giratórias foram feitas com estrutura de madeira repleta de elementos de cana de bambu colocados horizontalmente e dispostos ao redor de peças verticais. As portas se apoiam em blocos de madeira e podem ser fechadas com chave de fora para manter os ambientes internos seguros.
No exterior, ao longo do lado mais próximo às paredes de Acllawasi, os blocos de adobe alinhados com as paredes que demarcam um canal subterrâneo formam uma superfície resistente para eventos, onde podem ser colocadas mesas de madeira. No outro lado, a galeria está repleta de terra para proporcionar um espaço onde as escavações arqueológicas possam ser replicadas pelas crianças visitantes da escola.
A geometria dos pátios centrais de Acllawasi informa a orientação da nova estrutura do pátio, criando uma relação oblíqua com as paredes de pedra que o rodeiam nos dois lados.
Os pilares e as fundações foram pré-fabricados e montados no canteiro. Os módulos de coberturas foram pré-fabricados individualmente e erguidos utilizando guindastes em trabalhos temporários móveis. As juntas foram feitas com parafusos de aço inoxidável (juntas primárias) ou com parafusos niquelados (juntas secundárias).
As estruturas de tecido aberto de poliéster branco, comumente utilizado em todos as estufas agrícolas da região, foram dispostas entre os planos superior e inferior da treliça e finadas com grampos. Este elemento proporciona duas ou três camadas de sombra, ao mesmo tempo que conserva certos momentos de vista para a paisagem distante e para o céu.
Um processo colaborativo de projeto e construção
A estrutura deveria ser projetada e construída em um prazo de três semanas. O projeto começou com uma oficina de desenho intensiva, onde os estudantes trabalharam em equipes de três pessoas durante dois dias. Cada equipe desenvolveu ideias que abordavam a estrutura em seu conjunto, como se relacionaria com o local, assim como ideias estruturais e espaciais sobre como o projeto poderia funcionar e ser construído. O resultado foram quinze projetos, apresentados e discutidos em grupo. O desafio era como integrar as melhores ideias, descobertas e conhecimentos produzidos pelas quinze equipes em um único projeto.
Durante a semana seguinte, a equipe formou grupos menores, dividindo as tarefas e as responsabilidades para começar a desenvolver o desenho da estrutura que poderia ser descrita como uma "tábua invertida": um conjunto rígido de vigas e pilares fixados no solo, que suportam módulos de treliça. Resumindo, a cobertura deveria fazer pouco mais do que suportar seu próprio peso e manter-se rígida.
Escolha dos Materiais
O principal material da estrutura é a madeira, especificamente secções de Tornilho secas ao forno (cedrelinga cateniformes), uma madeira dura que se encontra na selva tropical do Peru e em outras partes da bacia do Amazonas. Tornilho é uma madeira com propriedades extraordinárias: muito densa (555 kg / m3), mas, paradoxalmente, muito flexível. É reconhecida como uma madeira de construção de uso geral na América do Sul, especialmente por que é naturalmente resistente a fungos e umidade, e não requer tratamento químico. No clima constantemente úmido da costa peruana, madeiras menos resistentes começariam a apodrecer em alguns meses.
Todo o material, exceto a madeira, foi extraído da paleta corriqueira de materiais de construção do Peru. Cana, cortada e tecida em forma de esteiras pré-fabricadas (em última instância, não se utiliza) ou tecida por nós em painéis. Tijolos de adobe para pisos, com juntas de terra compactada, e tecidos sintéticos de malha aberta, amplamente utilizados para sombreamento.